Vivemos de consumir. São objetos, acessórios, utilitários, inutilidades, necessidades básicas. São ideias, ideais, conceitos, histórias e memórias. São vínculos, acessos, sucessos, pertencimentos. E por que consumimos tanto? Dois motivos especiais: queremos nos sentir bem; e queremos uma vida bem-sucedida também.
Para o pensador grego Sócrates, ser bem-sucedido é criar seu próprio estilo de vida e se sentir bem com o que se tem, ou ir em busca daquilo que, para cada um, faz bem. Para compor seu mundo ideal, você pode escolher os símbolos e as marcas que quiser, que façam sentido com os seus desejos de “qualidade de vida”, de “sucesso”, de “felicidade”. E é livre para comprar, emprestar, alugar, compartilhar ou trocar — pois toda civilização é sempre uma troca; você dá algo de um valor para receber algo de outro valor, o tempo todo — com um porém: só vale o que está disponível no mercado; no grande mercado das mercadorias e das ideologias.
Nossa liberdade é planejada: hippie ou chic; trainee ou CEO; starter ouinfluencer, o estereótipo que você escolher corresponde a um kit completo com roupas, adereços, endereços, bandeiras e discursos que você deve usar para ser quem você é, inclusive com os parâmetros do que é ser feliz e bem sucedido em cada life style.
Não gostou? Manifeste-se. As cartas mercadológicas são marcadas, mas há alternativas. Por exemplo, o boicote (ou o buycott), o culture jamming, as militâncias corporativas. Se o que o mercado oferece é diferente daquilo em que você acredita, é só deixar de comprar, de ter, de usar. De expor, de divulgar, de desejar.
Consumir é uma forma de acreditar. Deixar de consumir certas coisas de certas marcas, também. Depende de quem você quer ser, e de como quer estar.
Feel free.